hum, acabadinha de tomar o pequeno-almoço, vejo o espaço multimédia tão à mão de semear que e se não... mas pode ser que haja algum mail importante pois é... mas também pode esperar... ... é melhor ligar o computador vou só mesmo ver os mails!
publicado por vague às 30.8.094 comments
Quem me conhece bem (e a maior parte não me lê aqui) sabe porque é que esta música ainda me deixa um arrepio na pele. Nesse ano eu aprendi na pele o refrão que era bom era que intuíssemos desde que adquirimos a consciência de estar vivos. .
Começava assim uma música muito em voga nas discotecas de Verão de há 15 anos, por aí. Tem um it que ainda hoje me faz activar sentimentos de puro prazer de viver, divertimento, enjoy life e liberdade. Ontem quando sintonizei a M80 e a ouvi, todos aqueles sentimentos se puseram em bicos de pés a acenar e eu prestei-lhes atenção, o trabalho está organizado e eu vou repousar a alma e o corpo no dolce far niente a que me vou entregar sem pudor.
e hoje já caminhei 4 km, de manhã ninguém me segura. à noite estou ko como de costume. cheguei a sair de um jantar a meio alegando justo impedimento (que agora não me ocorre) para ir descansar para o sofá. sou única. e absolutamente banal - no melhor sentido :)
ainda não me consegui desligar do trabalho. está quase. a "inevitabilidade" dos mails profissionais e alguns assuntos pendentes que me mimosearam impondo-se como de última hora têm-me arrastado até ao computador mas o mundo não pára se eu me desligar uma semana dele, do mundo, do computador, pois não?
Gostei desta amostra à primeira audiç/ão/, vis/ão/, sensaç/ão. Gosto de máscaras, do que escondem do que revelam. As chaves na porta, as músicas em sequência, os saltos altos, o suspiro, tudo nos conta uma história e nos apresenta um trabalho precioso e cativante.
Era tanta a fome de cinema. Hoje, com saudades de mim e de mim apenas, deixei para trás o bulício dos últimos dias e fui à sessão da hora do almoço, horário de luxo pois há pouca gente, não há filas e sinto-me uma privilegiada por gostar de ir ao cinema a estas horas que não são carne nem são peixe. São qualquer coisa de intermédio.
Escolhi O ABC da sedução e surpreendeu-me positivamente, pois não ia com grande expectativa. E revelou um senhor actor que não conhecia, mas que, meninas, digo-vos, é tiro e queda para quem gosta de morenos simpáticos e que, olaré, sabem representar. Saio da sessão deliciada com um filme alegre e divertido e penso: Agora dou uma voltinha a ver os saldos e depois tenho à hora do lanche o Sinédoque, Nova Iorque. Hum, vou hoje, deixo para a semana?
Fui. E depois do fim perguntei-me se não deveria ter deixado este último para outro dia, tal é a diferença que separa ambos os filmes e a marca que cada um deixa em nós - O ABC da sedução é um filme leve mas que toca nos pontos G das relações entre homens e mulheres, é bem interpretado e divertido.
Já o filme protagonizado por Philip Seymour Hoffman é estranho, hermético e ao mesmo tempo compreensível, fala de dias banais, de paixões, da fragilidade e da necessidade de redenção. Neste sentido é mais pesado, às tantas é um filme dentro de outro filme dentro da cabeça do protagonista que se divide (multiplica?) noutro "Eu". Uma espécie de meta filme? que me leva pensar na palavra loucura, na esquizofrenia e também na rejeição e desejos reprimidos. E meus caros, a interpretação de Philip Seymour é grandiosa, quase dói vê-lo, é um trapo, uma ilusão dentro de outra ilusão. É tal a entrega a um papel tão duro e a interpretação é tão forte e verosímil que nos perguntamos de onde tira um actor a força para representar assim.
Revisto há dias, anos largos depois de o ver e rever, continua a fazer-me sentir a magia do cinema - a vida em nuances onde o preto e branco simplesmente não existe.
Minha amiga mais antiga, é assim que gosto de te chamar porque acho graça e também porque é verdade. Desde os 12 anos que nos conhecemos, aturamos e contamos uma com a outra. Não lerás isto, dei-te o endereço uma vez e perdeste-o, não és de escritas e palavras, mas de átomos e equações, de explicar e interrogar o mundo através da ciência. Se te escrevo não te escrevendo é porque preciso depurar o que sinto para daqui a pouco te dizer apenas o essencial e não me perder no labirinto dos últimos dias. São cinco da manhã. O corpo reclama descanso. Fica a meio a conversa imaginária mas este bocadinho foi bom para relativizar e para treinar o tiro ao alvo, sem emoção demais a atrapalhar e com a amizade de sempre.
Não sei contar as vezes em que ontem, conduzindo, tive o impulso de pegar no telefone e enviar uma mensagem. A estrada estava calma, eu ia serena, os U2 cantavam Snow as white e era mesmo boa altura para dar aquele recado. Mas de todas as vezes o gesto se suspendeu e a mão retrocedeu, instintiva, ao volante. Não é bonito dizer que no passado enviei dezenas de sms enquanto conduzia mas eu não estou aqui para fazer bonito, estou aqui para ser quem sou e às vezes até libertar-de de mim mesma.
"A nova campanha televisiva contra o uso do telemóvel por parte dos condutores não podia ser mais agressiva no Reino Unido. Atenção: as imagens são chocantes"
*Sábado, 19/08/09
Brutal o vídeo, no pior sentido, pela violência. No melhor porque pode salvar vidas. As pessoas sensíveis não deverão vê-lo. As pessoas sensíveis, diz Sophia. Eu sou sensível. Vi até ao fim, porque sim ou para se me entranhar na pele a (in)consciência ou porque precisava de vê-lo. Acredito que este tipo de campanhas agressivas pode mesmo salvar pessoas. As imagens trazem a marca do horror. Mas apesar de eu ser positiva no mais fundo de mim e detestar filmes de terror ou talvez por isso mesmo...
"Resolver uma equação. Compor uma sinfonia. Escrever um romance. Ganhar uma partida de xadrez. Inventar a cura para uma doença rara. O que têm todas estas situações em comum? São átomos de uma anatomia complexa: a inteligência. E, contudo, não me lembro da última vez que resolvi uma equação, não me sinto capaz de compor uma sinfonia, não me interesso pelo xadrez, sinto-me ainda longe de escrever um romance e muito mais ainda de encontrar a solução para uma doença rara. Nunca tinha pensado nisto desta forma e começo a ficar inquieto: serei menos inteligente do que pensava? Como podemos aferir a nossa inteligência?" (Continuar)
Com a devida vénia ao Palombella Rossa, transcrevo o post de 20/07/09, concordando na íntegra com a sua indignação:
"Se eu for um heterossexual promíscuo e sem qualquer consciência dos riscos, sou admitido como dador de sangue. Mas se for homossexual, ainda que monogâmico e com práticas sexuais absolutamente precavidas, sou excluído do gesto cívico de dar sangue. É que a anatomia é um risco, dizem os poderes. Maior risco é a ignorância e o preconceito, digo eu."
posted by José Manuel Pureza @ 20:46
publicado por vague às 17.8.092 comments
de férias começa a surgir, iniciado que é hoje o primeiro dia de uns quantos de fuga ao quotidiano. Ano intenso, duro, rico, revelador, feito de recuos e avanços, mas mesmo os recuos não serão uma espécie muito particular de desenvolvimento e teste à nossa capacidade de lutar e renascer? Mais que o início de um novo ano, o início de umas férias ansiadas (meio programadas meio vamos lá ver se é hoje que decido o destino) é para mim desejavelmente um período de liberdade e reencontro comigo.
Ao sabor de mim mesma. Livros e revistas dispersos pela casa começam a empilhar-se em cima da mesa da sala desejosos como eu de sair por uns dias. O saco de praia ao pé da porta, a mala grande de viagem aberta para se deixar inundar. O corte com o quotidiano quero-o suave. Nos primeiros dias organizo a casa, vou ao ginásio sem hora marcada, ao cinema quando sentir vontade, atiro para a mala umas calças, uma blusa mais, brincos, o verniz.
Depois uns dias fora de casa. Planos afinal. Apesar da tal vontade de liberdade há certamente na minha cabeça um plano pré-estabelecido, quanto mais não o plano da ausência de planos. A vida avança todos os dias, a cada minuto. E a vida são momentos, a vida é este dia, esta hora, este desejo, esta consciência de o saborear.
........................ ....... ...........................DedicadDedicado à L. .................................. ..que partiu para o céu no esplendor da beleza.