AC/DC - Back in Black - uma das músicas do núcleo duro que me acompanha desde a tenra - e sábia! - idade da adolescência.
publicado por vague às 31.10.072 comments
Inteligência sexual - patente F.E.Q.I.
Numa revista feminina o empobrecimento cultural e não só fomentado é dramático e insulta a inteligência intelectual, emocional e sexual do povo português (tipo de inteligência F.E.Q.I*). Veja-se os títulos da capa da revista, para além do recorrente caso dos pais McCann: "Que dizer e que fazer depois de um orgasmo". Os meus olhos desviaram-se do cesto das compras para o expositor de revistas, alertados por pressentimento de desgraça. E como chamar a estes títulos senão desgraça? :)
*Inteligência F.E.Q.I. - inteligência inventada por mim: 'fui eu que inventei'
publicado por vague às 31.10.075 comments
A noite veio de dentro, começou a surgir dointerior de cada um dos objectose a envolvê-los no seu halo negro. Não tardou que as trevas irradiassem das nossas próprias entranhas, quase que assobiavam ao cruzar-nos os poros. Seriam umas duas ou três da tarde e nós sentíamo-las crescendo a toda a nossa volta. Qualquer que fosse a perspectiva, as trevas bifurcavam-na: daí a sensação de que, apesar de a noite também se desprender das coisas, havia nela algo de essencialmente humano, visceral. Como instantes exteriores que procurassem integrar-se na trama do tempo, sucediam-se os relâmpagos: era a luz da tarde, num estertor, a emergir intermitentemente à superfície das coisas. Foi nessa altura que a visão se começou a fazer pelas raízes. As imagens eram sugadas a partir do que dentro de cada objecto ainda não se indiferenciara da luz e, após complicadíssimos processos, imprimiam-se nos olhos. Unidos aos relâmpagos, rompíamos então a custo a treva nasalada.
Its a fire These dreams they pass me by This salvation I desire Keeps getting me down
Cos we need to Recognise mistakes For time and again
So let it be known for what we believe in I can see no reason for it to fail.... ...
Cos this life is a farce I can't breathe through this mask Like a fool So breathe on, sister breathe on
[INSTRUMENTAL]
From this oneself Testify or tell Its fooling us now
So let it be known for what we believe in I can see no reason for it to fail...
Cos this life is a farce I can't breathe through this mask Like a fool So breathe on, little sister, breathe on Ohh so breathe on, little sister, like a fool
"Espalhar solidariedade é sinal de que ainda somos humanos"
Sigo a corrente do Blog Solidário que a Maria Árvore me entregou, a mim e a mais seis, no Chez Maria, acreditando, tal como ela, que espalhar solidariedade é sinal de que ainda somos humanos.
Nomeio os seguintes, sendo que em relação a alguns não sei se os nomeio pelos blogs se pelas pessoas lá escondidas, que, cada uma à sua maneira, me mostrou o seu forte lado solidário e humano. E foi muito forte. Ou isso ou eu sou sensível:)
é uma mulher de fibra. Acho admirável a frontalidade e o desembaraço com que expõe as suas opiniões sobre o processo Casa Pia, que muitos querem ver abafado. Entre outras razões, o facto de não fazer política activa, confere-lhe credibilidade e isenção. Revela um bom senso que vai sendo parco hoje em dia, na política e fora dela, mas que me parece elementar e que se revela, por exemplo, nisto: O afirmar claramente no semanário Sol do choque que sentiu quando Paulo Pedroso foi ovacionado no Parlamento após longos meses na prisão à conta do processo Casa Pia. Partilho com ela esse espanto a que acrescento a minha sensação de surrealismo do facto. Eu admito que os amigos de PP tenham ficado satisfeitos quando ele deixou de ser arguido. Daí a ovacionar-se no local de representação nacional por excelência, uma pessoa que deixou de ser arguida em crimes sexuais...vai uma enorme carência de bom senso, contenção, pudor, respeito pelo local em causa e pelos cidadãos. E dizer Manuel Alegre que a sua libertação foi um segundo 25 de Abril é ofensivo para as pessoas que lutaram contra a ditadura e conquistaram para todos nós o direito de expressão sem medo. Gosto da Catalina Pestana. É objectiva, clara, corajosa e é livre para falar. Ah quantas verdades se esconderão entre os factos e aquilo que os advogados mediáticos irão querer iludir. Não acredito neste processo. Não acredito que a montanha tenha parido um rato. Acredito que os advogados irão conseguir desmontar as provas e, sem provas, por muito grande que seja a convicção do julgador da culpa, não haverá caso. Está provado que a esmagadora maioria dos abusadores sexuais e pedófilos em particular, tem uma dupla face, uma dupla vida. Pelo que, não será pela aparência inocente dos arguidos que nos devemos deixar convencer. Se a verdade conseguir falar, furar o muro de silêncio, sabotar as mentiras compradas...será um grande passo em frente na luta contra a pedofilia. Mas penso nos altos interesses políticos que podem estar (estão?) envolvidos neste caso e quase desisto de acreditar.
publicado por vague às 14.10.074 comments
Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
Estou assim a modos que furiosa com o Daily Mail. Então não é que - espantai-vos gentes honradas - não publicaram um comentário meu a um artigo ontem publicado? Sim, eu sei que os comentários são pré-visionados e que o jornal se reserva o direito de os publicar. Sei também que porfiei toda a noite, ansiosa, entre incursões ao sítio e viagens ao msn deserto e nem sinal do meu comment. Vencida pelo cansaço, sono e desilusão, adormeci encostada a uma coluna romana que me apareceu em sonhos. Acordei febril, com os olhos raiados de sangue e foi com um ar assassino - assumo - que me sentei à secretária.
A única explicação que encontro para tal afronta nem sei qual é. Escrevo e falo melhor a Lingua Inglesa que a maior parte dos estrangeiros, tenho um pensamento ordenado e coerente, que temiam eles, concorrência? Ups! Agora me lembro: esgotei o plafond de palavras. A ser publicado seria um texto enorme e em franco contraste com os outros pobrezinhos. E, lá está! voltamos ao mesmo: a temida concorrência (por acaso não desprestigiaria nenhum jornal, fosse o Daily Mail ou o Correio de Trás-Os Montes!)
:) Espero que tenha conseguido passar a mensagem de que os únicos factos aqui mencionados são dois: o envio do comentário e a não publicação do mesmo. O resto é excesso de imaginação que tenho que deixar sair pelos poros abertos do meu corpo, das mãos, dos dedos que perseguem impiedosamente estas teclas cansadas de sofrer!
publicado por vague às 10.10.072 comments
As únicas pessoas autênticas, para mim, são as loucas, as que estão loucas por viver, loucas por falar, loucas por serem salvas, desejosas de tudo e ao mesmo tempo, que não bocejam, mas ardem, ardem, ardem como fabulosas grinaldas amarelas de fogo-de-artifício a explodir.
Esta foi a última edição da Première portuguesa que comprei. Agosto. Não vou comprar a de Outubro. Não gosto de despedidas.
publicado por vague às 9.10.074 comments
não sei se é possível morrer-se de amor
(eu morro de cada vez que a leio)
...........E tu não tardes, que eu fiz um bolo de ervas com canela; e há compota de ameixas e suspiros e um cobertor de lã na cama e eu
estou assustada. A lua está apenas por metade, a terra treme. E eu tremo, com medo que não voltes.
Silence - Jan Garbarek,Egberto Gismonti,Charlie Haden
somos tão novos e estamos tão perdidos. o teu silêncio dentro dos gritos das árvores, o meu silêncio sobre o entardecer. seria feliz se pudesse dizer-te: vem, vamos fugir de mãos dadas, amor.
Começa a falar-se com frequência acrescida de Cuidados Paliativos, que são uma forma de humanizar a morte, homenageando a vida (e homenageia-se a vida quando há consciência de que se deve torná-la o mais confortável possível, até ao fim). As Consultas de Dor (que existem, salvo erro, no I.P.O. de Lisboa e no Hospital de Santa Maria) e os Cuidados Paliativos, se não o são, deveriam ser uma prioridade ao mesmo nível da luta contra a doença porque se fundam no reconhecimento da dignidade no viver e no morrer.
Lembro-me de um concerto no Coliseu, em 1987, os meus pais e a descendência, eu meio reticente e, no fim, quase rendida. Desde então tenho vindo a gostar cada vez mais de Amália. É extraordinária, é, será sempre.
O dia 5 de Outubro merece o meu reparo pela admiração de bisneta: o meu bisavô foi activista lutador pela implantação da República e, como vereador de uma pequena autarquia às portas de Lisboa, reuniu o respeito e a admiração dos conterrâneos pela dedicação, entusiasmo e generosidade que consagrou à causa da sua vida.
Once I was a soldier And I fought on foreign sands for you Once I was a hunter And I brought home fresh meat for you Once I was a lover And I searched behind your eyes for you And soon there'll be another To tell you I was just a lie
And sometimes I wonder Just for a while Will you remember me
And though you have forgotten All of our rubbish dreams I find myself searching Through the ashes of our ruins For the days when we smiled And the hours that ran wild With the magic of our eyes And the silence of our words
And sometimes I wonder Just for a while Will you remember me
apetece por vezes com os dias morrer por um pequeno instante e deixar os fogos soltos na areia. acrescentar água à face e perturbar os sentidos em busca da única luz ou então sentar os movimentos e escrever a uma
amiga. dizer assim como quem fala: que espécie rara de deus é o teu? a vida é ficar abraçado às dunas apenas se há dois braços de areia por quem sonhar
vir então aos poucos contando os mastros do verão cumprindo o desejo das cartas de mar e assim mesmo confundir todos os relógios da rota apenas para ter
mais tempo para ficar. o resto é saber o alfabeto de cor até ao fim para que as palavras vão nascendo devagar até ser sonho no sono dos dias ou ser sono dentro de mim
agora me lembro que quero terminar o Amarcord, começar Pecados Íntimos e devolver ambos hoje. fiquem bem que eu fico optimamente a aproveitar o presente, tantas vezes banalizado, mera transição para um futuro melhor incerto, quando afinal. afinal. e falta mandar fazer as chaves primeiro, ir ao super, respirar. respirar.
O deserto veste Prada. Esta frase é excelente, vague. A excessiva modéstia pode-se confundir com a excessiva vaidade. Eu só não quis ser banal. Não gostas da frase? Gosto, claro que sim. Então...Então o quê? Então retira o 'perdoem a banalidade'. Não retiro, já está, assim fica. Que casmurrinha és vague...E tu, para o que te havia de dar de madrugada. Eu tenho tempo, tu é que tens de ir trabalhar. E porque me dás ouvidos se estás tão certa de ti, vague? Olha porque, porque....estou a tomar o pequeno-almoço em frente ao computador e tu apareceste quando li o meu post. Nada mais. Adeus.
Não sei se ainda existe esta loja da Prada, colocada há 2 anos num deserto do Texas (não é bem uma loja porque não está (ou esteve) aberta ao público [ah! outra palavra brincalhona]). Anyway, hoje em conversa tida aqui, lembrei-me dessa notícia, lida precisamente aquando da instalação.
Se bem me lembro, a loja terá sido encerrada depois de sucessivos furtos; desconheço se foi reaberta e se a filosofia que deu origem à colocação naquele local se mantém. De qualquer forma acho a ideia extraordinária, irónica, sensível, chique (desculpa, N.E.C.A.S ).
Lambe-me as feridas na lenta passagem das horas, porque a elegia é apenas uma percepção esquiva do tempo e nós nómadas sulcando vagamente os equinócios, como êmbolos crescendo, esparsos em superfícies excessivamente mensuradas em atlas anatómicos. Lambe-me as feridas que eu sou como um choupo reclinado sobre a remissão da tua saliva e o devir é um espasmo onde sofro a espera da cura, a travessia incomensurável da distância. Lambe-me as feridas porque sinto a fluidez de raízes nas plantas dos pés e substâncias voláteis nas extremidades das mãos. Mastigo a esperança nos dias do exílio, porque só a tua presemnça é um lugar à medida da tua solidão.
José Rui Teixeira
Anos 90 e agora Uma antologia da nova poesia portuguesa (Jorge Reis-Sá)