José Rui Teixeira
Lambe-me as feridas na lenta
passagem das horas, porque a elegia
é apenas uma percepção esquiva
do tempo e nós nómadas sulcando
vagamente os equinócios, como êmbolos
crescendo, esparsos em superfícies
excessivamente mensuradas
em atlas anatómicos. Lambe-me
as feridas que eu sou como um choupo
reclinado sobre a remissão da tua saliva
e o devir é um espasmo onde sofro
a espera da cura, a travessia incomensurável
da distância. Lambe-me as feridas porque
sinto a fluidez de raízes nas plantas dos pés
e substâncias voláteis nas extremidades
das mãos. Mastigo a esperança
nos dias do exílio, porque só a tua presemnça
é um lugar à medida da tua solidão.José Rui Teixeira
Anos 90 e agora
Uma antologia da nova poesia portuguesa(Jorge Reis-Sá)
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