Alcancei o cais com esforço. O suor corria-me pelas faces e as minhas mãos suavam de tal forma que poderia beber o meu próprio medo pelos pulsos. Comecei a andar na direcção da multidão. Na cidades, não se cumprimentam as pessoas, a não ser que precisemos delas. “Boa tarde, desculpe, como posso chegar ao Bairro da Chusma?”
Vasco Pires Sousa, in VermelhoLivros que prometem escritores começam assim. Meia dúzia de palavras e um mundo dentro a palpitar. Como um coração. Vermelho.
Parabéns, Vasco.
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Primeiro. Todos os dias, várias vezes. A pouco e pouco espaçámo-nos, criámos espaço e ar entre nós, luta livre, silêncios destemidos e silêncios assustados. Afastámo-nos. Duvidámos um do outro. Amuámos dias, às vezes semanas. Voltámos a encontrar-nos apaixonadamente como se os espaços em branco fossem tão naturais como os espaços repletos de palavras. Voltámos a afastar-nos. E a sentir saudades.
Sabemo-nos presentes. Não temos regras. Temos um mundo.

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