E agora, de onde é que eu retirei isto, que guardei em draft para mais tarde recordar e não cuidei de guardar a autoria?
Que me desculpe o autor desta peça, que saiu algures numa revista. Quase que preferiria não a citar mas encontro tanta riqueza nesta abordagem que opto por não a deixar passar em branco.

(...)
o movimento feminista, ao alterar o perfil da mulher ― sobretudo o da mulher urbana ―, dando-lhe voz fora do ambiente doméstico, um papel cada vez mais decisório nos rumos da sociedade e autonomia financeira, distanciou-a do antigo paradigma de comportamento, no qual ela esteve confinada por séculos, sem que semelhante processo de distensão e mudanças psicossociais tenha ocorrido com o homem, que permanece atado a um modelo desgastado e imbuído de conceitos bastante semelhantes aos de mais de meio-século atrás, de uma época na qual o feminismo ainda não havia ganhado o seu grande impulso. O resultado disso é que, generalizando um pouco, temos, hoje, mulheres do século XXI relacionando-se com homens da década de 1950.(...)
O homem médio contemporâneo, por não haver acompanhado a evolução da mulher, não consegue dialogar com ela de forma satisfatória, não é capaz de compreender e admirar essa nova mulher.
As mulheres, por sua parte, tornaram-se mais exigentes. Muitas se recusam, acertadamente, a permanecer em relacionamentos vazios e frustrantes, com maridos ou namorados que, gradualmente, vão se acomodando a uma rotina insossa e egoísta, privando suas companheiras, do carinho, da atenção, da cumplicidade e do diálogo, que elas tanto valorizam.
Outras, por medo da solidão e da perspectiva de abandonar a segurança de uma relação e encontrar alguém ainda pior pela frente, acabam se resignando e passam a viver uma vida pela metade.
Uma frase que resume bem essa segunda opção, que é mais comum do que muita gente imagina, é o título, engraçadíssimo e bastante espirituoso, de um livro da argentina Viviana Gómez Thorpe, que deu origem a uma peça de grande sucesso, chamado
Não sou feliz, mas tenho marido.
(...)
Antes que discordem ou concordem
de mim, aviso que, como sempre, as citações que faço não reflectem necessariamente a minha opinião, são antes de mais pistas de raciocínio que gosto de partilhar com quem me dá o prazer de me acompanhar nestas viagens.
Etiquetas: galeria, imprensa, ler