As razões do amor, título posto à pressa e sem pensar muito
Nunca sabemos se atingimos um limite
e escrevemos talvez para criar um contorno
que nos dê a ilusão de estarmos no mundo
ou nos dê o mundo nessa ilusão do mundo
Por isso escrevemos com um felino vagar
como se fôssemos sentir o ardor plácido da terra
e construir uma translúcida torre
à beira da qual o mar lavasse os obscuros pensamentos
Sabemos que o além também está nos limites
e que se não há limites todo o além se perde
Assim cada palavra caminha para uma morada
em que o corpo possa encontrar a flexível integridade na
lucidez de um contorno.
António Ramos Rosa
Etiquetas: e as palavras e os poemas