Vague, não sei se me fizeste a pergunta a nível pessoal ou profissional. Mas a minha modesta opinião é que, para mim e não separando o profissional do pessoal, a amizade não tem deveres. Por si só basta e implica tudo o que os amigos sentem que são e que podem fazer em conjunto. A amizade não tem um significado apenas, tem um significado para cada um e cada amizade é diferente. Depende sempre das pessoas envolvidas e da personalidade de cada amizade. Se é que me faço entender... Tem determinados aspectos que a caracterizam, que podem ser chamados de direitos e deveres (sem obrigatoriedade implicita) e que a definem como sendo uma relação de amizade. Mas eu não lhe chamaria "deveres" mas sim uma predisposição amigável para desenvolver certas acções que se esperam de alguém amigo :) E tu que achas Vague?
A pergunta foi propositadamente vaga para dar liberdade de interpretação da própria pergunta, que é, ela própria, um pouco provocatória na intenção...admito.
Qdo falo em amizade, eu falo a nível pessoal, não profissional.
A palavra devers é forte, não é? É como perguntar se o amor tem deveres.
Sabes, ameixa, ajudaste e recentrar a questão com a tua frase lapidar:
_____"eu não lhe chamaria "deveres" mas sim uma predisposição amigável para desenvolver certas acções que se esperam de alguém amigo"
Se eu não sinto essa predisposição amigável para alguém desenvolver esse tipo de acções que se esperam de alguém amigo, terei de requacionar a amizade que se diz que existe. Pois!
Sabes Vague, que foi a frase que mais gostei e que vai ao cerne da questão? ;) Eu creio mesmo que não saõ deveres (é uma palavra realmente forte)... são predisposições para determinadas acções :) Porque se sentimos a amizade como implicita de deveres... perdemos todo o interesse em deselvolvê-la. Pelo menos eu sou assim. Bom fim de semana Vague ;)
'lealdade'... aí está uma palavra que está no top 5 das minhas condições para se ser amigo de alguém. Para mim quebrando-se esse ele, vai frequentem/ tudo à vida.
é de saudar que tenhas reconhecido essa 'falta', pois isso revela que é um valor a que dá apreço.
Ameixa, digamos que será um dever particular, um imperativo de consciência (o imperativo categórico de Kant?), uma força que nos impele a estar presente ao lado do amigto, a sair de casa a meio da noite se preciso for para ir abraçar um amigo que nos pede a medo um abraço ou em cuja voz lemos nas entrelinhss o abraço não pedido.
Quando ouço/leio a palavra dever lembro-me logo do Fernando Pessoa que dizia mais ou menos "tão bom ter um dever para fazer e não o fazer". ;)
Como aliás já referiste nos comentários uma relação de amizade é como uma relação de amor, sem a parte mais carnal propriamente dita.;)
Por isso, pessoalmente, não pode haver imposição do dever mas a vontade de dar/partilhar emoções, sentimentos, acções. E sem lhe chamar deveres creio que essa relação se constrói com os alicerces de apoiar o outro e de a individualizar porque não existem duas amizades iguais. :)
Mª Árvore, o que eu sinto para com o amigo é um dever que não sinto como um dever e não sei se me consigo fazer entendida; É um imperatibo interno estar ali ao lado dele, entendes? Ouvi-lo, mesmo q preferisse estar na praia, mas isto é daquelas coisas...ser amigo não é qdo nos dá jeito, é sentirmos 'prazer' em poder ajudar e sobretudo confortar...
De facto, este foi o reconhecimento da minha falta de lealdade... Não tenho desculpas válidas, a não ser que, tal como todos os seres humanos, tive uma falha de carácter que me custou uma amizade.
e, Fernando, é preciso coragem e humildade para assumir q houve num determinado momento, falta de carácter.
num mundo onde, também eu, "nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada", é de assinalar a tua observação e o q ela revela. o carácter está aí. mainada!
Pode revelar que algo não está bem. Mas cuidado, pessoalmente não gosto de estabelecer regras e princípios pré-definidos, gerais e abstractos, os quais sigo rigorosamente e onde vou encaixando os casos concretos. Apesar de possuir princípios, por vezes prefiro agir de acordo com o coração e com flexibilidade. A amizade é uma coisa muito bonita e preciosa, os verdadeiros amigos (aqueles que o sejam de facto) merecem da nossa parte o máximo de paciência e boa vontade. Nem sempre "by the book". (espero ter ajudado)