II
Quando tens que emitir um juízo sobre um qualquer assunto, não poderás admitir os factos sem que deles haja uma testemunha, e a testemunha não tem validade se não houver um juramento; darás a palavra às duas partes, farás um intervalo, não as ouvirás uma vez apenas (a verdade manifesta-se àquele que mais vezes a toma em mãos): e condenas prontamente um amigo? Ficas irado antes de o ouvir, antes de interrogares, antes de permitires-lhe conhecer o acusador ou o crime? De facto, já terás ouvido as duas partes? Aquele que fez a denúncia calar-se-á, se tiver que apresentar provas: «Não é necessário expores-me», dirá ele, «Se revelares o meu nome, negarei tudo; nunca mais te direi nada.» Ao mesmo tempo, ele instiga e furta-se à confrontação e ao debate. Não querer falar senão em segredo é quase o mesmo que nada dizer: o que poderá ser mais perverso do que confiar numa denúncia feita em segredo e irar-se publicamente? Séneca - Roma Antiga (4-65)
Filósofo, Escritor
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