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La marée haute
terça-feira, junho 05, 2007
  À sua saúde

A Organização Mundial de Saúde, fundada em 1948, define saúde como

"estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez".


Por este prisma não creio que alguém tenha saúde. Não pode ser. Tenho que procurar mais. Follow me se paciência tiverem em perceber estas coisas, tanta como eu, que a tenho em défice, salva-me a curiosidade.


...........O texto que se segue foi retirado da Revista de Saúde Pública
...... ...................vol..31, no. 5, São Paulo Oct. 1997



A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Essa definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no momento (artigo de 1997) irreal, ultrapassada e unilateral.

Trata-se de definição irreal por que, aludindo ao "perfeito bem-estar", coloca uma utopia. O que é "perfeito bem-estar?" É por acaso possível caracterizar-se a "perfeição"?

Por outro lado, a angústia (com oscilações), tendo essa angústia repercussão somática maior ou menor (por exemplo, um cólon irritativo ou uma gastrite), configura situação habitual, inerente às próprias condições do ser humano. Divergir de posturas da sociedade, e até marginalizar-se ou de ser marginalizado frente a essa mesma sociedade, não obstante o sofrimento que essas situações trazem, é comum e até desejável para o homem sintonizado com o ambiente em que vive.
Recentemente, médicos dos EUA criaram uma entidade nosológica e até lhe deram um C.I.D.: é a "síndrome da felicidade", incompatível com a situação do homem, com suas dificuldades, dúvidas, medos e incertezas. Seria dessa "felicidade" que a OMS tiraria seus parâmetros para caracterizar o "perfeito bem-estar mental"?

Discute-se a validade da distincão entre soma, psique e sociedade, esposando o conceito de homem "integrado", e registrando situações em que a interação entre os três aspectos citados é absolutamente cristalina.

Freud (1938) já supunha que, entre as possibilidades de defesa disponíveis para o sujeito assolado pelo "mal-estar na civilização", estava a fuga para a doença somática (junto à fuga para a neurose ou para a psicose ou, ainda, para o comportamento anti-social).

Suponha-se que decorra da percepção dessa "não clivagem" da pessoa a conhecida expressão "deve-se tratar o doente e não a doença", dando margem, a inobservância dessa proposta, ao sucesso das assim chamadas "formas não tradicionais de medicina" (muitas vezes maior do que o da medicina), por visarem, essas técnicas, muito mais a afetividade do "sujeito", do que a mera expressão somática de sua turbulência emocional.

Percebe-se a extrema dificuldade de aceitação, por muitos profissionais de saúde, do fato de fincar-se o êxito terapêutico no relacionamento afetivo com o cliente (o termo paciente não foi, propositadamente, usado para tornar mais distante a idéia de exclusiva aceitação, paciente, submissa, com relação ao profissional de saúde). O vínculo afetivo, embutido de confiança recíproca, na dupla que empreende uma ação de saúde (profissional-cliente), a par dos aspectos cognitivos, técnicos e científicos, é decisivo para que se possa esperar a melhora do estado do cliente.
Acredita-se ter esclarecido, na óptica do presente artigo, a inadequação de ainda se fazer distinção, mormente num conceito da OMS, entre o físico, o mental e o social.


E, concluindo, dentro desse enfoque, não se poderá dizer que saúde é um estado de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade?

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Comments:
Como a afectividade não se vende em comprimidos parece-me razoável considerar saudável quem sorria pelo menos uma vez por dia. :) :) :)
 
exactamente, Maria Árvore,essa pessoa estará no bom caminho :)

tal como os palhaços que vão aos hospitais aconchegar a infância das crianças ou a famosa terapia do riso, ora rio eu ora ris tu.

sem dúvida q um bom médico e uma boa empatia ajudam substancialmente a qualquer recuperação.

Nunca devemos separar todas as partes q compõem a nossa saúde. sou adepta da filosofa 'tratar o doente e não apenas a doença'.

e não estou a falar dos médicos da anatomia de grey, não! ;)
 
Ultimamente todas as semanas me aparece qualquer coisa, é demais. Mas faço por não me sentir doente, senão custa muito mais a ultrapassar. Acho que o estar ou não doente também vai muito daí: do encarar a doença como um acidente de percurso ou dar-lhe demasiada importância. Estou a falar de coisas pequenas, obviamente, mas que vão fazendo mossa e às quais um reagem melhor, outros pior...
 
O meu médico não é da Anatomia de Grey ;) e essa é a única falha que lhe posso apontar. O carinho e a ternura com que trata os doentes e a força que transmite no apertar das mãos na despedida final é logo meia cura :) e até convenceu esta teimosa que eu sou a tomar os comprimidos. ;)
 
Isso acontece sempre que uma pessoa faz anos, Noite. É o peso dos anos :P
Concordo ctg. Há q encarar com alguma naturalidade os achaques dos anos :)))
 
Por acaso nunca vi a anatomia dele, mas é uma série mto badalada , oelo q fica a suhestão
:)
No resto, digo,é uma benção alguém ter médicos humanos e com vistas largas e afectuosas!
 
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