...e a intimidade da morte
Há uns meses esteve em Lisboa uma exposição fotográfica cujo âmbito era a fotografia de pessoas acabadas de morrer. Aparte o facto de todas as pessoas terem dado autorização para tal manifestação
artística, de um ponto de vista estritamente pessoal e subjectivo não me agrada esta extrapolação, mais uma vez e na sequência do post anterior, do conceito de
arte. Penso que esta exposição
querida e/ou
consentida pelos participantes, toca nos limites do ético e do
respeito pelo significado da morte. Mas this is me e objectivamente dir-me-ão, como me disseram, que esta forma de
exposição de um corpo sem vida que em vida consentiu ser fotografado para divulgação pública mal acabasse de morrer, é tão legítima como outra qualquer que dependa da vontade do sujeito e além disso a exposição só a vê quem quer. Mesmo assim. A morte insere-se na esfera de uma intimidade demasiada e atravessa os limites mais fundos do ser humano. Sei lá. Se pensasse em ir punha o coração ao alto e preparava-me para a visita daquela angústia existencial que de vez em quando mata saudades de mim.