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La marée haute
domingo, fevereiro 18, 2007
  "Somos capazes de nunca reparar em algo só porque o estamos sempre a ver" (Wittgenstein)

Estava a meio do 12º ano e com notas razoáveis (entre a mínima de 12 e a máxima de 17) quando a vocação para as Letras, não tendo entrado em crise, encontrou um adversário poderoso: uma crescente paixão pela Medicina. Ponderados os factos, os reais e os imaginários, sondei os meus pais. Que se calhar aquilo não era bem o que queria, que gostaria talvez de perder uns anos e fazer o 9º ano de novo, mas desta vez na área A, na altura a de Ciências, que me levaria à dita Medicina. Surpreendidos, deram-me abertura mas disseram-me para ponderar os prós e os contras.
Acabei por não ter a paixão suficiente para me dedicar a algo que iria exigir de mim um esforço tremendo dadas as minhas dificuldades de base a Matemática e a Física, que, por mais maravilhas que sobre as suas virtudes me apregoem os meus amigos da área, não fazem química comigo. Além de que, matutava eu, será que a paixão era assim tão grande? Não sei, nunca vou saber e não me interessa.
E isto vem a propósito de um livro que tenho aqui à mão, de que já falei anteriormente e que relata casos clínicos de um neurologista cuja abordagem parece ser a de recentrar o indivíduo dentro da doença. Não sei se é exactamente isto, mas o primeiro folhear das páginas cativou-me por me dar essa sensação. Os doentes não são só casos clínicos, são pessoas que sentem a doença, são sujeitos e objectos ao mesmo tempo.
Ah, o livro é O homem que confundiu a mulher com um chapéu, de Oliver Sacks.
 
Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Andava a especializar-me em neuropsicologia quando li esse livro. A doença de Alzheimer era exposta de uma forma bastante diferente daquela que aprendíamos no curso e, como é hábito em mim quando gosto de uma coisa, decidi comprar todos os livros que existiam do mesmo autor. Pouco tempo depois a ópera "O homem que confundiu a mulher com um chapéu" foi à cena no Teatro Carlos Alberto, no Porto, com composição musical do genial Michael Nyman (http://en.wikipedia.org/wiki/The_Man_Who_Mistook_His_Wife_for_a_Hat_%28opera%29). Digo-lhe que nunca mais encarei as lesões cerebrais da mesma maneira e passei a acreditar piamente na reabilitação através da persistência. E mais, passei a responsabilizar/envolver o doente pela/na sua própria recuperação. É uma fórmula que uso até hoje e tem dado frutos fantásticos!
 
O livro lê-se muito bem, mesmo para não especializados mas com gosto por estas matérias da mente.
Li hoje de manhã o 1º conto, q é precisamente esse e achei muito bom fazer-se o relato, falar de um caso clínico real e do homem por detrás. Este caso veio pôr em causa uma série de axiomas previamente existentes, sobretudo li. E pelo q contas aconteceu-lhe o mesmo consigo!
Eu acredito muito no poder da vontade, e confio na capacidade do ser humano de ser mais do que é. Não sabia que tinha isdo levado à cena e depois musicado pelo Nyman. Deve ter sido surpreendente o espectáculo.
 
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