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La marée haute
quinta-feira, outubro 19, 2006
  A arma política do Rivoli

Há coisas que não compreendo bem. Porque é que o teatro Rivoli não há-de ser entregue à gestão privada? Porque é havemos de estar a contribuir para perpetuar sucessivos descalabros financeiros? Toda esta questão não é linear e parece-me à partida claro que da boa programação do teatro (até agora feita pela CM) depende, de entre outros factores, o sucesso de toda a obra. Mas que raio! Se toda a gestão puder ser melhor feita através de um modelo privado porquê tanto escarcéu? por questões políticas de origem duvidosa?

A cultura tem vocação universal, democrática e não elitista, não pode ser nicho de mercado para alguns, sobretudo quando utilizada em espaços públicos. E ninguém tem de estar a contribuir para que uma peça obscura que meia dúzia de pessoas aprecia se mantenha num espaço que é de todos (é perversa a questão para os okupas se pensada assim pois vira-se o feitiço contra os feiticeiros).

Eu não acho que se deva apenas cultivar o que faz sucesso, o popular e entendo que devem existir modelos alternativos e independentes, mas, haja bom senso! que faz falta em todo o lado. Não se entregue um teatro belo e simbólico da cidade do Porto a artes teatrais experimentais que pouca gente vai ver. O País pede-nos sacrifícios a todo o momento e a mesmo tempo há segmentos de classe intocáveis?

Entregue-se o Rivoli à gestão privada e a quem o possa encher de gente que tenha gosto em ir ao teatro.

--

A minha opinião acima defendida não significa que concorde com a reacção da CM Porto à ocupação do Rivoli. É muito mau que se tenha recorrido (desnecessarimente) a uma posição de força que não acrescenta nada e retira dignidade a quem a impõe: cortar água, electricidade, impedir o acesso de alimentos ao interior da sala.
Se se queria recorrer à força e mais cedo ou mais tarde isso ia ser necessário, parece-me, deixava-se que os meios legais actuassem. Não era preciso mais nada para defender uma posição para a qual se contavam com armas justas.

--

Não tenho mesmo nenhuma simpatia por estas causas de pessoas habituadas ao seu espaço nosso público espaço que nos querem fazer crer que estão a defender algo que nos pertence quando estão a defender as suas coutadas privadas de exposição de artes experimentais. Isso chama-se manipulação. Gosto de ver ocasionalmente teatro experimental, explorar caminhos alternativos de arte mas entendo que há sítios para isso e que grandes espaços devem ser espaços privilegiados para a cultura mais democrática onde a toda a gente possa ter a vontade e prazer de ir.

E como não conheço as partes envolvidas tenho o prazer de me exprimir com total liberdade, sem paninhos quentes, e sem os constrangimentos que os conhecimento próximo inevitavelmente traz. E se com isto gerar alguns anti corpos paciência...
É o que eu penso. Não deixo de gostar das pessoas por pensar.
 
Comments:
concordo que a gestão privada seja a melhor saída para a cultura em Portugal.
 
o que me irrita nalguns sectores de esquerda, sobretudo aquela mais 'cultural' é que aderem automaticamente às vítimas inocentes destas causas,
o q me impossibilita a não pensar sequer em discutir política com eles, apesar de a alguns me ligarem laços de afecto,
mas é q são assim! só estão orientados naquela direcção e eu a seguir vou ouvir,
ehehe~h
 
'vítimas' entre aspas, q de vítimas não têm nada; se alguma coisa têm é orgulho :P
 
Caro pirata vermelho,
durante mto tpo não soube o era o eixo direita esquerda até que o constante martelar por parte sobretudo da dita esquerda e da defesa dos ideais da sua revolução e da luta de classes me levaram a aceitar q é assim q querem, tudo bem.
quem criou a clivagem não foi a direita, sítio onde me incluíram e sabe uma coisa?

sou mais de esquerda q mta gente q se diz de esquerda

e é por isso mesmo q recuso

o carimbo de esquerda!

dixit

:)
 
Se o senhor vague se informasse antes de escrever veria que a programação do Rivoli é variada e aberta a vários públicos. Ao lado de peças experimentais, constam também da programação, por exemplo, uma peça com António Fagundes, ou o tal concerto de Luis Represas. Acabe-se com o chavão de que o Rivoli existe para uma elite apresentar as suas criações. O Rivoli existe para que a diversidade possa existir. O Rivoli é dos portuenses!
 
Oh Vague,
as iniciativas culturais tanto podem ser de iniciativa privada como pública.
Mas o Rivoli teve obras pagas pelos munícipes do Porto. Como em tempos o Politeama também as teve paga pelos munícipes lisboetas. O denominador comum dá pelo nome de La Feria.
Ou será que a grande iniciativa privada na área cultural depende do favorecimento dos poderes públicos - e dos seus dinheiros, claro - a uns escolhidos? ;)))
 
ftt,

o senhor vague não está de moneto, mas se quiser falar com a senhora vague, tenha a bondade :))
 
Maria Tree

o que está em causa, pragmaticamente falando, é para mim levar as pessoas ao teatro, dando emprego aos bons actores q temos e expandir a cultura pelo país, fora das novelas.

Só assim um país se eleva culturalmente e nos outros níveis q a atrás ao lado e a seguir virão.


E há q dar lucro - pois é, é a lógica de mercado a funcionar, q por acaso tb pode ser justa - e se eu tiver insucesso num empreendimento meu não espero q o país me dê cobertura, pq até se trata do interesse nacional - embora vendo bem as coisas...
;))
 
De 1913 até aos anos 70 (altura em que a nacionalização da Banca arrastou a família Borges, dona do Teatro e fundadora do Banco Borges & Irmão) o Teatro Rivoli nasceu da vontade e cresceu da vontade dos privados. A compra pela CMP não resolveu os problemas e o espaço degradou-se durante anos a fio. Lembro-me, aliás, de ser usado como uma dancetaria muito rasca. A ideia de uma política cultural municipal é recente no Porto. Tem sido, por norma, um gueto onde se encerra um grupinho que se diz de elite e pensa que só aquilo que faz é cultura. Não dão lucro? Claro que não! Esquecem-se que espaço - pago pelos munícipes - deveria ser para todos os munícipes. E todos quer dizer mesmo todos. Até os que gostam de La Féria.

Quando em 1997 o Teatro Rivoli reabriu as portas depois de estar fechado por três anos, a remodelação feita sob a batuta do arquitecto Pedro Ramalho prometia um espaço capaz de responder às necessidades de todos os públicos, criadores e linguagens múltiplas das diferentes expressões artísticas.

Entregar aos privados a gestão de uma sala pública não é necessariamente mau. Pode vir a ser mau, se for mal gerido. Mas se for mal gerido e não houver nem público nem bilhetes, então por certo que - num instante - nova gestão tentará fazer melhor.

E o Porto não se resume ao Rivoli. Há mais salas, mais iniciativas. Eu, por exemplo, gosto do que vão propondo no Teatro do Campo Alegre. É um sítio onde se vêem caras novas, iniciativas novas, em lugar de ver as caras do costume a abanarem-se com o "convite" do costume, em lugar de pagarem o bilhete como os outros. E, numa sociedade em crise (o Norte e o Porto em especial estão em crise há muitos anos, só não vê quem não quer), paga bilhetes para espectáculos apenas quem pode e não quem quer.

Muitos espectáculos para todos os gostos a preços que não tirem o pão da boca a ninguém. Era isso que gostava para o velhinho Teatro Rivoli. Não vai deixar de ser uma sala de espectáculos. Vai só ter outro tipo de gestão. Dai que nem perceba, por exemplo, porque comparam esta situação actual a quando da possível compra do Coliseu pela IURD. Ai, até eu fui para Passos Manuel. Convenhamos que são coisas bem diferentes ter um Teatro a funcionar como um teatro, ou ter a maior sala do Porto transformada em Igreja pedinchona.

Há esquerda ou direita aqui? Não há. E não há especialmente se, disto tudo, resultar cultura para todos em lugar de meia dúzia de espectáculos a que só uma pequena maioria pode aceder e, pior que tudo, gostar.
 
Hipatia, independentem/ de a tua opinião coincidir c/ a m/ em mtos aspectos, tenho a agradecer o teu contributo pelo enquadramento histórico, q desconhecia, e q nos dá sp 1a perspectiva enriquecedora.
e posta esta parte mais formal, lol, é q foi mesmo, e tu como mulher do norte, tens conhecim/ directo do q se passa no Porto, a tua opinião é mesmo de mais-valia e ainda mais, pq vai de encontro á minha :P
estou a brincar ;)
(em parte) :D
 
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