Laços e nós
Sabe a amargo saber-se que se gosta de uma forma tão inteira de pessoas que nos são muito próximas sendo mútuo o sentimento e, ao mesmo tempo, não se consegue conviver com facilidade com elas, de uma forma que flua, sem conflitos. Pequenas coisas que revelam diferenças de sensibilidades, gostos e alguns valores separam-nos. Sei no entanto que estaremos sempre disponíveis, até ao infinito, para gostarmos uns dos outros e nos ajudarmos mutuamente, como sei que qualquer conversa mais profunda embaterá logo na nossa forma tão diferente de nos olharmos, de olharmos o mundo e o outro. O saldo final é mais que positivo: saber que estaremos sempre
aqui uns para os outros, e o nosso gostar é intrinsecamente genuíno. E isso é tudo o que conta, se não se pode ter mais.
Estas divagações ao passarem para o papel acabam por me obrigar a perspectivar as situações, a desdramatizar e a 'deixar passar' algumas coisas, focando a atenção no que nos une, perseguindo ao mesmo tempo o ingénuo sonho do entendimento total e do esclarecimento mútuo. Ora! eu sei que é ingénuo, irreal, impossível e um dos pequenos sonhos - mas vivo também através deles.
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