Estava vestido de calças de ganga e ténis, normal. Reconheceu-o por baixo da roupa casual, reconheceu-o pelos olhos, habitualmente debruados a intenso eyeliner preto a combinar com calças pretas dentro de botas pretas, casaco de cabedal preto, tudo em negro carvão contra a alvura da pele de bébé. Devia ter, sei lá, 20 anos? Aquele olhar entre o indiferente, o tímido e o meigo. Tão diferente de si. O que a fascinava no Ser-se humano, entre tanta coisa, era a comunhão dentro da diversidade, os pontos de contacto, uma pessoa que olha para outra pessoa e a aceita espontaneamente. Interessava-lhe o mistério de ele ter um aspecto tão hetero com os olhos mais pintados que os seus alguma vez tinham estado. Personagem de filme, de sonhos, saído de um castelo gótico. Sorriu por dentro. Ele olhou para ela e sorriu vaga e timidamente (sorriria para ela ou para algum pensamento interior?). 20 anos. Tanta beleza no coração, divagou ela criando-lhe uma história romântica e fatal, embelezada e dramatizada pelo doce imaginário. publicado por vague às 28.7.11
Comments:
hum, menina vague, isto devia estar em rascunho, falta-lhe uma certa noção dos espaços e tempos. escrito à pressa, mas tinha q escrever antes q esquecesse. as memórias não podem ficar em banho-maria tempo demais.