O Avô que não conheci
White and yellow daisiesCuca Garcia
Se vivo fosse, o único avô que não cheguei a conhecer faria hoje - 2 de Outubro -
100 anos. Foi baptizado de Teófilo em homenagem ao Presidente do Governo Provisório da República Portuguesa - Teófilo Braga - governo resultante do golpe de Estado que pôs fim à monarquia e instaurou a República em 5 de Outubro de 1910.
Este avô, amado pela família e em particular pelo filho - meu pai - era acarinhado pelos que tiveram o privilégio de privar com ele na intimidade ou de passagem. Era pessoa boa e leal que teve o infortúnio de partir da vida cedo demais, vítima da doença má que o tabaco lhe trouxe. Na cama onde passou os últimos tempos tinha ao lado uma boneca de trapos feita pela minha avó. Porventura crescia nele o desejo de uma neta ou de futuro e era na boneca que ele o reflectia. Adivinhou-lhe a futura existência sem ter tido tempo de
saber que ia ser avô 13 meses depois de morrer. De um neta. E de mais uma, sete anos depois.
Cumpriu-se o pressentido, o desejado, o adivinhado e
sei que lá onde ele estiver olha para e por todos nós com orgulho, cuidado, força e paz. A paz que sinto quando olho para o céu e o imagino. Mesclada com uma ponta de nostalgia que
logo passa.
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