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O
papel branco pede para eu me escrever nele. Aos 15 anos o papel branco era de facto branco, com linhas uma vezes, outras liso. E era nele que escrevia como quem
alisa a dor de ter 15 anos. Hoje sorrio com ternura à miúda de então, que se achava tão segura das suas paixões e inseguranças. Não quereria, se pudesse, voltar atrás no tempo para mudar alguma coisa. Acredito que fiz o que tinha de fazer, amei quem tinha de amar, errei quando tinha de errar, sofri porque tinha de aprender a viver. Encaro a vida não como uma fatalidade, mas como uma caminhada, um percurso interior. E quando caminho junto ao rio rente ao céu e respiro fundo é a minha vida toda que anda ali a percorrer os seus espaços interiores em harmonia com o sol e o vento forte.