Caso Pia, cena 879
A
novela continua. Eu, que não simpatizo particularmente com o sr. Paulo Pedroso, sim, virá daí a opinião negativa que tenho dele e não da leitura da Acusação do M.P. que o
António Caldeira facultou no seu blog.
Paulo Pedroso avançou com um processo contra o Estado por
prisão ilegal e erro grosseiro na apreciação dos pressupostos dos quais depende a prisão preventiva . Ora bem, num processo-crime, antes da eventual condenação ou absolvição, exista a presunção de inocência até ao
fim. Entretanto o processo contra Paulo Pedroso teve o seu
fim, que culminou como todos sabemos e que o meu lado demagógico diz que era
previsível.
Paulo Pedroso está a levar este caso até
mais um fim, ao avançar com esta queixa, legítima, diga-se. No entanto, este circo não me faz esquecer nem a todos os realmente interessados na Justiça e sem costas quentes, não me faz esquecer a dita Acusação, que é, como sabemos, baseada em toda a investigação que foi feita, nos depoimentos dos queixosos, nos relatórios dos pedopsiquiatras, nas testemunhas. Certo: se foi absolvido, foi absolvido, foi absolvido. E não interessa se foi por convicção da sua culpabilidade se por dúvidas da sua culpabilidade. Não me interpretem mal. Concordo que na dúvida se deve absolver, é um dos princípios do nosso Estado de Direito que não ponho em causa. A minha opinião é eivada de uma forte carga pessoal e de senso comum, mais que da frieza da
Justiça.
Chocou-me deveras que no dia da libertação de Paulo Pedroso ele fosse quase recebido em ombros na Assembleia da República, baluarte da nossa democracia.
Confesso que hoje, e tristemente, já não posso dizer que me sinta chocada com as decisões da Justiça.