O desafio da Fábula
Miss Peggy Lee e a sua sensual Fever que a ruborizava toda, disse, contrafeita, para Mr. Carlson:
E estes rapazes simpáticos, este som que se entranha na pele estão agora a dar-me cabo do juízo e a dar-me
música mas se eles pensam que eu me rendi ao cabaz de Natal cheio de
diospiros estão bem enganados.
Mas Miss Lee, argumentou Mr. Carlson (chame-me Carl, Peggy...Permite-me que a trate por Peggy?...)
sente-se aqui nesta bela poltrona de Le Corbusier que eu sou homem para me sentar ao seu lado e a amparar nalguma fraqueza febril.
Oh Carl...já disse que gosto de cadeiras? As cadeiras são os grandes amparos da vida!Peggy, gosta de filmes de Natal?Gosto...tem alturas que sim. No Natal é uma dessas alturas.Pois eu é mais canções. Só nestas alturas pois claro, só para sentir que estou no Natal (ao ponto a que chegámos; precisamos dos símbolos para chegar ao que eles significam, agora engolia em seco se não estivesse a beber uma imperial fresquinha por causa da febre da Peggy).
Conhece a do Bing Crosby, a de Count your blessings instead of sheep, Carl?Conheço, Peggyzinha, era essa que eu canto à noite quando não consigo adormecer, ponho-me a contar carneiros e antes de chegar ao 25º carneiro já cá não estou....er...Mr Carlson?...Essa canção é para falar das graças recebidas, não é para contar carneiros (e põe-se ele a contar carneiros). Vou-lhe oferecer um livro de auto-ajuda a ver se me compreende melhor.
Não, Peggy, oponho-me terminantemente a tal! Ler é sinal de desrespeito pela Natureza, é que por isso que não leio. Por cada livro, por cada edição de 10.000 livros já viu quanta árvore é decapitada? As árvores e os livros, eternamente ligados nesta chacina com que este governo socialista é conivente. Eu um dia se inventasse um romance inventava um em que se queimavam todos os livros para que duma vez por todas as pessoas encarassem a realidade e vissem que só assim se podem salvar.Carl, profunda a anonimamente eu, Peggy, lhe digo que você devia era ter um blog.O
que disse estaria bem num post. Um post estranho mas útil. Escoará a estranheza do pensado e deixar-me-à leve. Ou não. E a si, deixá-lo-ia leve?(Ai, esta mulher mata-me)
Peggy...eu nem tenho internet em casa!