Um mês depois,
folheada a última página de
Cotovia, de Deszó Kosztolányi, sobra-me nas mãos algum desencanto. Reconheço a mestria do autor ao criar um enredo numa história que se conta em duas linhas. Uma situação tão pouco complicada como a de uma filha adulta que vive com os pais idosos e se ausenta para uma semana de férias parece desdizer qualquer trama. Penso que o mais importante no livro é a densidade psicológica dos personagens, densidade e ternura, que não precisa de enredos para existir e se expressar. O que lemos e sentimos são os momentos que o casal vive na ausência da filha, que lhes abre novos campos de possibilidades e descobertas interiores e lhes molda a visão do seu pequeno mundo, agora um pouco maior.