dos de máquina e dos normais
sai uma gaja de casa às 7 da manhã e já vai tarde para o seu despertador interno mas tem que fazer tempo para os cafés abrirem, lá vai ela debaixo do casaco de inverno que está um frio do caraças e vento então, qual quê, tudo fechado, dá a volta a vários quarteirões, olha com olhos de ver e vê(-se) para dentro imagina que está em terra estranha e aí vê a beleza inteira do largo da igreja, do vento a atravessar as árvores, dos raios de sol que as entreabrem, a tipa entra num café, pede o que a fome manda,
'com manteiga se faz favor' e
'diga?' quando o empregado lhe pergunta se o galão é normal ou de máquina, por zeus, haja regras! que devia ser regulamentada a diferença, explica-se vagamente: nuns sítios pede-se
'era um galão',
'normal?' e ela diz
'...de máquina',
'ah, quer normal', supira-se, noutros é como no exemplo primeiramente apresentado, há alturas em que se especifica na tentativa de clarificar logo o pedido,
'um galão de máquina, sff', resposta
'mas aqui são sempre de máquina!', defendendo-se o empregado desta ignominiosa quase eventual acusação de falsificação, regras e maneiras houvesse e um galão era igual em todo o lado ou de máquina ou descafeinado e mai nada pois evitavam-se as perplexidades do costume quando ela pede o contrário
'quero um galão sem ser de máquina' e ele responde, olhnado-a espantado
'mas nós aqui só temos de máquina',
'faça com descafeinado, sff', será que nunca ninguém pede um galão descafeinado? tivesse eu uma tasca e era o simplex com um pouco de refinex, está-se mesmo a ver, ah porque eu sei tirar cafés e fazer trocos e isso sou uma rapariga muito esperta, só não sei é mexer naquelas máquinas em que basta premir um botão para tirar o café, isso não tem arte só técnica e essa técnica ainda não aprendi, e agora quando me virem espero estar bem disposta, vou dar um corte ao cabelo e nestes dias volto para casa quase arrependida
o folhetim não acabou, não
até logo :)