" Ela não deu logo por nós e dirigiu-se para a piscina. Mas fitávamo-la intensamente que o nosso olhar acabou por captar o dela. Ela corou. É belo, uma mulher que cora. O seu corpo, nesse instante, não lhe pertence; a mulher não lhe pertence; a mulher não o controla; fica à mercê dele; ah, nada mais belo do que o espectáculo de uma mulher violada pelo seu próprio corpo! Comecei a compreender por que era que Avenarius tinha um fraco por Laura. Olhei para ela: o seu rosto continuava perfeitamente impassível. Esse controlo de si mesmo pareceu-me traí-lo ainda mais do que o rubor traíra Laura. "
A imortalidade Milan Kundera
publicado por vague às 23.12.06