Ter um filho
Ainda a questão do referendo sobre o aborto.
Pensando e conversando e sentindo e re-pensando, intuo que sou contra o aborto. Apesar da compreensão que possa ter para com situações complexas não me parece que aceitar o aborto como legal vá retirar complexidade ao tema. Vem apenas facilitar que se encare o aborto como método contraceptivo.
E não, não acho que o recurso ao aborto seja opção fácil de tomar ou que as mulheres que a ele recorrem passem a, sendo legalizado, encará-lo como método tout court. Mas o que se quer é que seja considerado um último recurso quando não se quer ter um filho. E isso choca-me. Primeiro porque há situações em que o aborto é permitido, e as que estão tipificadas abarcam as situações mais complicadas, seja de mal formação do feto (e aí, acho legítimo que uma mãe considere se se sente capaz de ter um filho) ou de protecção da vida da mãe (entre uma vida que existe e já nasceu e outra que floresce não tenho reservas morais na opção que me é
imposta), seja a de violação (não tenho presente as excepções pelo que releve-se a falta de alguma).
Importava-me saber quais as situações em que o recurso ao aborto é mais frequente.
Hoje em dia, com tantos métodos contraceptivos, com a existência da pílula do dia seguinte, é de aceitar que se legalize o aborto? Certo que alguns são falíveis (eu ao menos argumento e contra-argumento-me) mas aperfeiçoe-se a técnica dos ditos. O recurso ao aborto porque não se quer ter um filho parece-me um princípio mau de trilhar.
Também não sou a favor da condenação das mulheres que abortam. Como eu concilio isto com a proibição do aborto, pois, é coisa que não sei. Ainda não.