Uma velha cigana em cima da ponte Os teus olhos mudos de assombro as roupas pretas moldavam-lhe e o mar distende-se o perfil do tronco magro e ossudo rebentando na praia o amor o grande lenço atado à cara. serenamente espantado de se descobrir. E os carros passavam na ponte não eram pessoas A perfeição existe quase existiu não eram pessoas com histórias apenas carros os teus olhos o teu e o meu corpo a velha passava eternamente em cima da ponte as almas juntas numa carne só uma o corpo curvado as saias compridas eram várias o riso e a forma como me espantavas os medos o vento empurrava-a e a roupa cedia o corpo enfrentava e medos precisei de inventar para aquietar o hábito de os ter uma cigana velha que se punha à frente do vento. publicado por vague às 12.6.06