Divagação eleitoral
Para mim as filiações partidárias e as simpatias políticas não são relevantes no relacionamento com os outros a não ser quando me afectam ao atingir as raias da intolerância, em que penso não cair e espero não cair pelo que me policio de quando em vez.
Estamos em altura de reflexão política, em tempo de não campanha eleitoral, falha-me o nome para este período de abstinência e, pensando e repensando, vejo que os blogs, meio privilegiado de comunicação e cada vez maior influência política e cívica nalguns sectores também privilegiados da sociedade estão por natureza isentos deste silêncio, o que não deixa de ser curioso, dada a possibilidade de influência até à boca das urnas (quem se lembrou de chamar um nome tão poético como
boca aquela ranhura de coisa estava bem inspirado) pois quem pode proibir alguém de levar um portátil até ao local e momento de votar? Adiante que esta é uma reflexão, entre outras tantas que me surgem e fascinam sobre esta
realidade que é a
virtualidade.
Não espero recolher simpatias nem antipatias pelas minhas convicções e incertezas políticas, nem escondo as minhas próprias simpatias laranjas, o que é quase pecado nos dias que correm. Gosto de pecar (esta aparente ambiguidade no que escrevo ainda me vai levar aos famosos mal entendidos na blogosfera que me lê e leio)
Paciência. Quem gosta de mim leva o pacote inteiro :) Quem não simpatiza, igualmente e por maioria de razão.
Penso, muito sumariamente e com os dados que me faltam relacionados com o não acompanhamento da campanha política na tv, jornais e blogs, que olhei de lado e à distância, que pela boca morre o peixe, por tantas palavras, tanta ofensa, tanta promessa.
O meu partido de simpatia foi desde sempre o PSD, fui militante durante os anos da faculdade, integrei uma lista local para uma junta de freguesia, sem muita convicção. Vi coisas que não me agradaram no PSD, vi que a ambição dominava demais os espíritos e a minha parte naif e independente fartou-se e hoje não é nem quer ser militante de qualquer partido.
Analisando superficial mas convictamente a situação política actual, ressaltam-me vários pontos.
O PSL não teve oportunidade de mostrar o que valia e não teve pulso para dominar uma tripulação de repente sem norte. Entrou como homem do leme numa conjuntura desfavorável, dado o abandono do barco pelo Durão Barroso, atraído por voos mais altos. Foi atacado pela oposição por ser um amante da boa vida e de mulheres e por usar pulseiras e fitinhas (E qual é o problema? Que raio de estereótipos). Agora o PS está a receber e a ter que engolir as sugestões da orientação sexual de Sócrates. Que não se
enalteça agora o PS em vítima.
Desde que as pessoas façam bem o seu trabalho, é irrelevante que sejam hetero ou homo, que vão a discotecas ou para retiros espirituais de silêncio e passarinhos a cantar.
Acho também vergonhoso que se atire como argumento a alguém na questão da adopção e do aborto, questões pessoais e íntimas como
o senhor não é pai, eu sou.
Não gosto do populismo de todos os partidos, das feiras de beijinhos e mercados de bandeirinhas. E no entanto também há anos andei nessa vida (foram mesmo só dois dias de cedência e a engolir o sapo de estar a fazer algo de que não gosto).
Quanto à música e vídeo do PSD só posso dizer
Iac. Só pode ter sido concebido pela oposição, está demasiado mau :) O homem é de emoções mas não o vejo naquela pieguice enjoativa que se mostra.
As minhas amizades têm por dentro pessoas e várias cores políticas, futebolíticas, religiosas e orientações sexuais diversas e não é por aí - acho que posso dizer
nunca - que os afectos se me pautam.
Só queria dizer isto e dizer também que espero que o PS não tenha maioria absoluta.
Obrigada Vague pelo tempo de antena, pelo qual sou (irra)responsável.