A 'obrigação maior ' do jornalista
Andando por aqui e por ali em domingo descansado encontrei este blog,
JornalismoPortoRádio e indo mais além vasculhei os arquivos até chegar
aqui , post com o título "O repórter e a empatia". Inspirado ou potenciado por um artigo de opinião da jornalista Anna Quindlen, fala-se nas obrigações dos jornalistas e aqui perpassa algo como ética, empatia, sensibilidade, colocar-se no lugar de.
Um artigo de Anna Quindlen na Newsweek, com o sugestivo título "The Great Obligation ” fez-me recordar os dilemas que vivi nos primeiros anos como jornalista e repórter. O que mais me preocupava é que por muito que sofresse, devido à dureza das condições em que as reportagens eram realizadas, as pessoas de quem o dia a dia relatava, ficariam lá depois de eu regressar ao conforto da minha redacção. As minhas dificuldades tinham sempre um prazo, as dificuldades dos outros tinham apenas o prazo da incerteza.
É por estas e por outras que me faz alguma confusão a proliferação de jornalistas que têm histórias para contar, vivências para partilhar. As únicas vivências que aceito como legitimas, e que devem ser partilhadas, são aquelas que nos ajudam a perceber o que se passa no local, seja ele o Bairro S. João de Deus ou Gorazde. Diz Anna Quindlen que "Reporters are often asked about their obligation to readers, but perhaps the most important obligation is the one we owe the subjects of our stories, whose lives are limned by our words, for better or for worse".
Pedro Leal
JornalismoPortoRádio
Deixo dois excertos do artigo, que me faz pensar e deveria fazer pensar, se pensar quisessem ou 'pudessem' alguns jornalistas, agrilhoados que estão não só à sua (des)ética de ser humano ou jornalista mas também à
(des)ética do jornal, televisão ou rádio para o qual trabalham. Estarei a ser injusta? Penso que não. Acho que qualquer um de nós consegue identificar facilmente na televisão os bons jornalistas.
Jornalistas. E também as estações mais tendenciosas.
(...)Reporters are often asked about their obligation to readers, but perhaps the most important obligation is the one we owe the subjects of our stories, whose lives are limned by our words, for better or for worse. David Halberstam, the best-selling author who won a Pulitzer telling the truth about Vietnam, says it was writing obituaries as a young man at the Nashville Tennessean that made this clear to him. "For most people it was the one time they got their name in print," he recalled. "If you got something wrong you could cause enormous pain to ordinary people."
(...)
All this makes you wonder if journalism schools should teach not just accuracy, but empathy. But the truth is, you really get that by covering stories, not studying them, by imagining yourself in the place of the people you interview.(...)
Anna Quindlen
Newsweek, 2004