Os corredores da memória
A blogosfera é grande demais. É um mundo enorme, apesar de a considerar ao mesmo tempo uma aldeia. Imagino que no início, há 2, 3 anos?, sendo este um meio em que circulavam muito menos pessoas, esse ar e esse conceito de aldeia tivessem um dimensão acolhedora, quase um sítio de amigos. Cheguei aqui há poucos meses, em Junho, e desde então, talvez um pouco antes, que observo, primeiro como espectadora, depois como participante activa, esta forma de comunicação privilegiada e democrática.
A dificuldade que sentirão muitos bloggers será também a minha: a incrível dispersão a que os inúmeros blogs de interesse, cultos e inteligentes (não as pessoas, os blogs :P), dizia eu, a dispersão que nos tenta a toda a hora que aqui se vem. Falo por mim para acrescentar também que, além dos blogs amigos que visito e a que sou fiel por tantos motivos diferentes como os respectivos conteúdos, outros tantos me suscitam igualmente curiosidade, admiração e até espanto pela qualidade da escrita e do discurso.
Por motivos relacionados com experiências menos boas relacionadas com links, optei por não colocar links de blogs que leio habitualmente e outros nem tanto, e outros ainda que são eventuais porque os espreito durante uns dias e vão circulando. A lista, no outro blog, nao era imutável. No entanto, presentes estiveram sempre os blogs mais próximos e os que se aproximaram ou de que me aproximei. Optei também por não fazer ordenação dos blogs linkados, no meu ponto de vista é deselegante assumir um critério para os ordenar e classificar, as classificações são redutoras e ficam coladas ao que é etiquetado. E classificar um blog que é próximo e amigo para depois o desclassificar e fazê-lo baixar de divisão, sem motivos que levem a tal, é acto deselegante e indigno se não houver motivos para o fazer - é o mesmo que asfixiar a amizade, arrefecer a memória.
Realço que a mim tanto me faz que me linkem ou não. É claro que gosto de ser lida e, em segundo lugar, de ser apreciada. Mas não pago um link com outro link nem espero que os outros o façam em relação a mim. Quase tudo, ou o possível tudo na vida deve ser natural e orientado pelo princípio do prazer e da satisfação que tiramos das coisas, das pessoas e de nós mesmos. Tudo muda, os links mudam, as pessoas ainda mais, mas há uma ideia que me é sagrada, colada que está à pele e ao respeito por mim, pelo que sou e pelo que fui:
A memória não é imutável.
E com isto me calo e passo à frente.