"O que eu procuro num blog é aquilo que eu aprecio numa pessoa"
Não avisei?
Lá andei à descoberta. Remexendo no baú, encontrei este texto, parte de um post de
umblogsobrekleist, com o qual me identifico profundamente nesta aventura dos blogs, que é sobretudo um mergulho nas palavras, minhas e de outros e palavras são mergulhos no interior, mesmo o ficcionado
("finge que é dor a dor que deveras sente"?) Pois toda a ficção não deixa de ser autobiográfica e, partilhada, um
encontro com o outro, motivo mais que suficiente para andarmos nesta terra
sem lei, sem rei nem roque.
O que procuro eu num blog? Talvez pouco mais ou pouco menos do que procuro numa pessoa com quem trave conhecimento. Diz-se frequentemente que «Viver é mais importante do que blogar», ou «Há coisas mais importantes na vida do que os blogs», ou variantes destas máximas. Por detrás da robusta evidência, parece ocultar-se a convicção de que as horas passadas frente ao computador, a teclar textos para o ciberespaço, são excrescências da "verdadeira vida"; na melhor das hipóteses, um luxo; na pior, uma tara. Eu creio que blogar é uma parte da vida, cuja importância relativa variará, como é natural, de indivíduo para indivíduo. Sendo uma parte da vida, por definição, faz parte de um combate quotidiano pela felicidade.
O que procuro eu num blog? Partilhar as palavras de alguém que posso não conhecer, mas que me suscita estima, admiração ou interesse; coleccionar instantâneos dessa luta pela felicidade, a única que vale a pena; espantar-me com as declinações que tais esforços admitem, de pessoa para pessoa, de dia para dia. Expor-me, em suma, à inteligência e à sensibilidade alheias em flagrante delito de interacção com o Mundo das coisas e dos factos.
O que eu procuro num blog é aquilo que eu aprecio numa pessoa, na vida "real".
O que os blogs nos trouxeram foi um meio. Uma resposta à pergunta "como agir?". De hoje para amanhã, os blogs podem deixar de ser mencionados noutros lugares; a moda pode passar. Mas o meio existe; e a única questão que me interessa é saber se continuarão a existir pessoas que dele se sirvam."
(Do autor deste blog)