Ela queria uma boneca que dissesse mamã, que comesse papa, que fizesse xixi e cócó. Ofereceram-lhe a dita. Atrapalhada por instantes com a primeira muda de fraldas, grita: Mãe! Acho que ainda não estou preparada para ser mãe!
- Ó mãe, é melhor escreveres um papel para pôr na porta a dizer proibida a entrada a cães - Ó filha, mas os cães não sabem ler - Mas os donos sabem - Sim, mas as pessoas quando vão a festas de anos deixam os cães em casa - Mas imagina que alguém se esquece de os deixar em casa
(Posto isto não sei que argumentos a mãe utilizou - mas conhecendo as duas a conversa foi por aí fora até alguma fazer xeque-mate à outra)
A Rua Sésamo faz 40 anos, a Barbie fez 50, eu fiz 42. A vida pode ser mesmo mais glamourosa a partir dos 40 :)
publicado por vague às 10.11.095 comments
Talvez seja o carácter prioriário que este Executivo imprimiu à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo que me faz recuar quanto a essa urgente legalização. Não entendo a urgência mas respeito profundamente os afectos, os sentimentos de amor e a necessidade de ter uma vida igual às outras. Pronto. Abstenho-me.
publicado por vague às 8.11.097 comments
Com todo o respeito que me merecem todas e quaisquer pessoas independentemente da sua orientação sexual e porque creio que ninguém a escolhe - antes se é escolhido por ela - penso que está fora do contexto das prioridades do país e dos próprios gays a necessidade de legalização de casamentos entre os mesmos. É claro que esta é uma opinião muito fácil de dar para quem tem uma orientação sexual dita straight. Mas ao mesmo tempo que consciencializo isso penso também que nós precisamos de grandes reformas de fundo antes de se chegar a esse patamar evolutivo, sim, não duvido que seja um dos caminhos do futuro. Mas actualmente não haverá mais nada a fazer pela comunidade gay (perdoem-me mas não gosto da expressão, é discriminar em função do sexo) que não seja o erguer de bandeiras deste teor?
Há tanto tanto a fazer contra a discriminação, seja ela sexual, de género, social, económica, a nível de acessos a edifício por pessoas com deficiência física (sendo obrigatória por Lei a existência de rampas e acessos des-condicionados para promover a integração das pessoas que se movem em cadeiras de rodas, por exemplo) e neste país pobre e endividado temos um Governo que ergue como estandarte no actual cenário político e social de desemprego e corrupção e com todas as desigualdades de que exemplifiquei apenas uma parte... a legalização de casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Vontade política de dispersar a opinião pública dos casos Face Oculta, Casa Pia, Freeport, dos Armandos Varas e Godinhos deste país? Será que este último caso relacionado com Armando Vara e Manuel Godinho será no futuro mais uma montanha que pariu um rato, à semelhança dos casos de triste e fraca memória que citei?
Sinto que sim. Até que alguém me convença da bondade desta medida urgentíssima (o casamento entre pessoas do mesmo sexo) acho retrógrado querer mostrar este serviço de modernidade num país a tantos títulos tão atávico, tão cheio de desigualdades, tão cheio de preconceito. Se isto é ser moderno, não quero ser moderna. Há tanto a fazer, tantos moinhos de vento a derrubar, tanta coisa grande e pequena que cada um de nós pode fazer para o bem comum - porque podíamos ser nós em qualquer um que sofre - que me parece gratuita a oportunidade desta medida. Ou melhor, se calhar não é gratuita, se calhar o que a move é a vontade de entreter o povinho com discussões fracturantes deste teor enquanto o país se endivida, enquanto se desvia a opinião pública das faces ocultas da corrupção. Areia para os olhos é o que é.
Não procuro concordâncias nem tão pouco as rejeito, obviamente. Gostava mesmo que alguém que está por dentro e a sentir na pele as dificuldades e os obstáculos cruéis de uma cultura ditatorial da maioria (se bem que também existe, dizem, um lobby gay) me mostrasse por A+B porque é que esta medida é crucial para combater as desigualdades. A sério que gostava...